Carta a um (im)provável pai
Não sei como iniciar estas linhas, não sei também como te denominar (por isso a ausência do vocativo no início da pagina). São escassas as palavras neste momento pra falar o que há muito tempo tenho vontade, mas independente disso a vontade persiste e é por isso que me encontro aqui sentada nesta manha a te escrever!
Não sei que data é hoje e nem como estás agora porque não sei quando terei coragem (não sei se esta é a palavra mais cabível para esta denominação) de enviar-te isto!Não sei também qual tua reação ai sentado ao ler; Bem... Eu nunca soube prever tuas reações, não seria agora que saberia...
Mas minha iniciativa em entrar em contato novamente foi a ultima vez que nos vimos: uma simples coisa aconteceu (apenas uma troca de olhar), mas dentre todos estes anos NUNCA havia sentido algo assim... NUNCA havia sentido tanta reciprocidade em tão pouca coisa, em tão poucos segundos!
Pareceu-me que o mundo tinha parado, pareceu-me que todos os anos de ausência e de desconhecimento tivessem sido estagnados por aqueles poucos três segundos! NUNCA havia te sentido tão perto, NUNCA havia te sentido tão presente, NUNCA um olhar se fez tão verdadeiro e sem máscaras quanto aquele!
Tudo começou quando fostes embora... Criança ainda, sempre me senti culpada por não ter conseguido com minhas palavras ou com minhas lágrimas te fazer ficar, mas isso é apenas algo simplório!Sei que não foi isso que nos fez afastar... Que me fez afastar. Entendo hoje que foi preciso, que aconteceu porque foi inevitável, que tua ida havia se feito necessária... Nada mais!
Depois de um tempo as palavras e as lágrimas de antes pareceram que não iam ser mais ditas nem derramadas... Mas nossos encontros se faziam vazios. Nossas visitas eram constantes, mas dispensáveis!Eu como sempre aguardando aquele abraço, você como corriqueiramente envolto por muros...
Não sabe o quando me perguntei onde havia falhado, não sabe o quando escutei a frase: é a maneira de ele te amar!
Recriminei-te de todas as formas por isso, de maldisse por todo o vazio que me fazia sentir, por toda a necessidade de um carinho de verdade, por toda a inveja que tinha ao ver cenas de carinho de outros que me faziam chorar.
Depois de muito tempo passei a sentir algo diferente, não sei se indiferença ou se clareza. Não sei se agradecimento ou se ódio. Só posso afirmar que depois de muito tempo comecei a ver que tudo aquilo que recriminava em você era o que via em mim... Comecei a enxergar que o que odiava em ti era o que mais se acentuava em minha maneira de ser! Meu Deus, não sabe o quanto me espantei ao ver que éramos iguais.
Ao ver que tudo o que me fez fria estava agora edificado em minha personalidade.
Perdi muita coisa por isso, perdi muitas oportunidades por ter me permitido moldar assim. Até você que até então era o meu maior anseio eu estava adormecendo, estava modificando o sentimento...
Amei-te muito, senti muito a tua falta! Senti a ausência daquela voz grave e de tuas mãos encantadoras... Mas o que mais me doía era não mais poder ser chamada de filhota como você sempre fazia, era ver o tempo passar e não obter mudanças; era ver que você estava tão longe de entender o que eu punha diante de ti, mesmo que mascarado por minhas poucas palavras e meus sorrisos apenas insinuados!
Hoje não sei o que sentir nem mais como a ti me direcionar, resta agora só a certeza que precisava entrar em contato, que precisava que ficasse registrado que ao menos uma vez te direcionei algo exatamente como queria te expor: sem receio, sem o desviar de olhares, sem esperar o momento certo e/ou oportuno. Só queria deixar explicito que não tenho magoa, nem de ti guardo rancor por estes anos de exclusão.
Não quero te persuadir a me amar nem pretendo modificar teus dias, muito menos tua forma de sentir. Só queria entender um pouco o que estou sentindo! Só queria acreditar que você sentia o mesmo... Não quero um reencontro nem tampouco indagações ou modificações... Quero apenas poder transpor meus dias com a certeza de que não fiquei estática em relação ao nosso laço (se assim eu o posso chamar). Quero apenas sentir que minhas dúvidas sobre o que sentes se encerram por aqui! Queria ao menos ouvir e acreditar em um apenas “eu te amo”, nessas simples três palavras que durante todas as minhas manhãs fingi ouvir! Quero apenas que saiba que se um dia fui lapsa foi apenas um escudo, apenas uma recíproca, apenas a falta de uma historia.
Apenas a falta de um pedaço de minha historia...
Talvez o pedaço mais importante dela, talvez o pedaço que também sentes falta... Algo talvez irrisório a primeira vista, mas que observado aqui sozinha no meu quarto junto com apenas o barulho dos poucos carros vindo da janela se faz imensamente necessário.
Amar-te-ei sempre
(como você em um cartão um dia me escreveu, lembra?)...
Queria que sentisse saudades...
Não sei que data é hoje e nem como estás agora porque não sei quando terei coragem (não sei se esta é a palavra mais cabível para esta denominação) de enviar-te isto!Não sei também qual tua reação ai sentado ao ler; Bem... Eu nunca soube prever tuas reações, não seria agora que saberia...
Mas minha iniciativa em entrar em contato novamente foi a ultima vez que nos vimos: uma simples coisa aconteceu (apenas uma troca de olhar), mas dentre todos estes anos NUNCA havia sentido algo assim... NUNCA havia sentido tanta reciprocidade em tão pouca coisa, em tão poucos segundos!
Pareceu-me que o mundo tinha parado, pareceu-me que todos os anos de ausência e de desconhecimento tivessem sido estagnados por aqueles poucos três segundos! NUNCA havia te sentido tão perto, NUNCA havia te sentido tão presente, NUNCA um olhar se fez tão verdadeiro e sem máscaras quanto aquele!
Tudo começou quando fostes embora... Criança ainda, sempre me senti culpada por não ter conseguido com minhas palavras ou com minhas lágrimas te fazer ficar, mas isso é apenas algo simplório!Sei que não foi isso que nos fez afastar... Que me fez afastar. Entendo hoje que foi preciso, que aconteceu porque foi inevitável, que tua ida havia se feito necessária... Nada mais!
Depois de um tempo as palavras e as lágrimas de antes pareceram que não iam ser mais ditas nem derramadas... Mas nossos encontros se faziam vazios. Nossas visitas eram constantes, mas dispensáveis!Eu como sempre aguardando aquele abraço, você como corriqueiramente envolto por muros...
Não sabe o quando me perguntei onde havia falhado, não sabe o quando escutei a frase: é a maneira de ele te amar!
Recriminei-te de todas as formas por isso, de maldisse por todo o vazio que me fazia sentir, por toda a necessidade de um carinho de verdade, por toda a inveja que tinha ao ver cenas de carinho de outros que me faziam chorar.
Depois de muito tempo passei a sentir algo diferente, não sei se indiferença ou se clareza. Não sei se agradecimento ou se ódio. Só posso afirmar que depois de muito tempo comecei a ver que tudo aquilo que recriminava em você era o que via em mim... Comecei a enxergar que o que odiava em ti era o que mais se acentuava em minha maneira de ser! Meu Deus, não sabe o quanto me espantei ao ver que éramos iguais.
Ao ver que tudo o que me fez fria estava agora edificado em minha personalidade.
Perdi muita coisa por isso, perdi muitas oportunidades por ter me permitido moldar assim. Até você que até então era o meu maior anseio eu estava adormecendo, estava modificando o sentimento...
Amei-te muito, senti muito a tua falta! Senti a ausência daquela voz grave e de tuas mãos encantadoras... Mas o que mais me doía era não mais poder ser chamada de filhota como você sempre fazia, era ver o tempo passar e não obter mudanças; era ver que você estava tão longe de entender o que eu punha diante de ti, mesmo que mascarado por minhas poucas palavras e meus sorrisos apenas insinuados!
Hoje não sei o que sentir nem mais como a ti me direcionar, resta agora só a certeza que precisava entrar em contato, que precisava que ficasse registrado que ao menos uma vez te direcionei algo exatamente como queria te expor: sem receio, sem o desviar de olhares, sem esperar o momento certo e/ou oportuno. Só queria deixar explicito que não tenho magoa, nem de ti guardo rancor por estes anos de exclusão.
Não quero te persuadir a me amar nem pretendo modificar teus dias, muito menos tua forma de sentir. Só queria entender um pouco o que estou sentindo! Só queria acreditar que você sentia o mesmo... Não quero um reencontro nem tampouco indagações ou modificações... Quero apenas poder transpor meus dias com a certeza de que não fiquei estática em relação ao nosso laço (se assim eu o posso chamar). Quero apenas sentir que minhas dúvidas sobre o que sentes se encerram por aqui! Queria ao menos ouvir e acreditar em um apenas “eu te amo”, nessas simples três palavras que durante todas as minhas manhãs fingi ouvir! Quero apenas que saiba que se um dia fui lapsa foi apenas um escudo, apenas uma recíproca, apenas a falta de uma historia.
Apenas a falta de um pedaço de minha historia...
Talvez o pedaço mais importante dela, talvez o pedaço que também sentes falta... Algo talvez irrisório a primeira vista, mas que observado aqui sozinha no meu quarto junto com apenas o barulho dos poucos carros vindo da janela se faz imensamente necessário.
Amar-te-ei sempre
(como você em um cartão um dia me escreveu, lembra?)...
Queria que sentisse saudades...
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