Um último adeus
Depois de hoje por fim deixarei minha mala para traz...
Depois de hoje nenhuma recordação imaginariamente infundada perseguira meus passos, meu caminho, meus sonhos. Finalmente depois de hoje poderei acreditar que tudo não passou de um sufocante pesadelo agora aniquilado por meu almejado despertar!
Despertei!
Não sei se só por mim mesma, mas também pelo tempo, pelo secar das inúmeras lágrimas, por depois do derramar de todas elas agora poder ver o que antes não era permitido, ver o que antes não me permitia...
Hoje, depois de muitas palavras, palavras já cansadas de serem pronunciadas, pela primeira vez não apenas sinto que aquele sempre citado em meus incontáveis desabafos, primeiro passo à felicidade, está aqui! Hoje, depois de tanto tempo, depois de tantos recomeços tenho algo concreto nas mãos.
Hoje, agora compreendendo o motivo de só hoje, irei realmente viver este hoje, irei realmente sentir porque levantei da cama hoje, irei encostar nas grades da janela e não mais olhar o céu como se ali estivesse o meu algo distante e sim estarei observando que o vento mesmo imperceptível aos olhos provoca o balançar das arvores. Porque foi assim que aconteceu comigo, porque é assim que tudo sempre acontece.
Porque nem no momento da dor muito menos no momento do verdadeiro contentamento nos é legível o seu precursor... Porque somos cegos, porque cultivamos nossos próprios sofismas, e porque depois de cultivados, não nos permitimos estagna-los e fazemos deles, esse nosso conjunto de mentiras com aparência de verdade, nosso maior escudo!
Enfim, hoje será hoje!
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