Hay un universo de pequeñas cosas que solo se despiertan cuando tu las nombras.

20 março 2007

Aos Leitores

De ilha à Peninsula é um manuscrito que ha muito tentara concluir...
A falta de tempo e/ou inspiração contribuíram para que este intento não fosse alçado. Inobstante, meus ultimos meses passei em lugares geradores de cenarios e personagens que deram tangibilidade as minhas idéias....
Então, propuz a este meu espaço (blog) ser ele espaço teste ao manuscrito.
Se me acostumar com isso (minhas palavras expostas) e continuar com os insumos... quem sabe não publique mais de meus "capítulos" esquecidos na gaveta!?!?...

Agradeço ser aturada por todos...

Pâmm Van Eyck

P.S.: Em breve, continuação das postagens!

De ilha à Península (PARTE II)


Muitas vezes esteve ali sentada, ao lado da janela do seu quarto refletindo se tornaria ou não concreta sua necessidade de a ele escrever.
Hoje, há alguns minutos, este mesmo sentimento de duvida circundou sua mente. Por instantes conseguiu repeli-lo, como de costume, porém a alternativa de redigir sem enviar foi o insumo que estava buscando para tornar tangível o que há muito intentava.
Então, por fim, encontrava-se ali, na penumbra, sentindo a brisa que adentrava pela janela, ouvindo o barulho dos carros que passam na avenida, fazendo dos seus dedos e das suas palavras, meros mensageiros de suas vontades infundadas.

Seus primeiros dias sem ele foram horríveis, sentia-se confusa, tomada por sensações paradoxais ao que estava acontecendo. Mesclava-se em seu ser uma paz tão insana e profunda que chegava a tentar persuadir-se a se desesperar só por não conseguir entender o quão inerte havia ficado -- A coisa que ela mais quis na vida estava agora tão distante, tão impossível, tão irrevogável, e ela ali, sem sentir nenhuma daquelas presunções e/ou sentimento de revolta que nascem em nós quando derramamos lágrimas. Estava ela ali, com aquela certeza imensurável dos cinéfilos de que o fim do filme seria feliz. De que aquele retorno iria simplesmente acontecer.
Chegou a imaginar datas, a senti-lo por perto, a sonhar com ele, a tocar todas as manhas quando acordava aqueles óculos que outrora ele esquecera em seu quarto. Tocava as lentes como se estivesse tocando suas pálpebras, passava os dedos nas hastes como se estivesse passando por entre seus cabelos, depositava naquele esquecido acessório a certeza de que um dia o entregaria ao seu dono quando ele retornasse ao lugar onde o esquecera para buscá-lo de volta junto com todas as outras coisas que aquele lugar reservava.
Mas os dias foram passando, e quando encostava a face nas grades da janela para sentir o cheiro da noite como ela sempre fazia e o mostrou na ultima vez que ele veio ali, nesses momentos, sua mente começava a recepcionar conceitos novos, conceitos que ela não gostaria de ter. Estava ele feliz, havia conseguido o que sempre almejara, estava vivendo tudo, tudo o que supunha que iria pôr sua vida novamente nos trilhos, tudo o que naqueles seus dias de dor sentado na prancha no meio do mar pedia com todas as forças a Deus.
Impressionava-a. Ela agora não sabia mais o que sentir...
Porque sua felicidade tinha que ser baseada na inexistência da dele? Ou porque a dele tinha que ser provável pelo fato de a sua não o ser?
“Ainda te quero tanto sabia? Dessas formas tão perfeitas que me recuso a acreditar que tudo parou ali, naquela hora morta em que me telefonou pra comunicar que estava indo embora. Naquela hora que ficou gravada de tal forma em mim que recordo de todos os detalhes como se a tivesse vivido há poucos instantes.”
Essas palavras ela repetia ao acaso todos os dias.
Sabia que ele deveria achá-la louca e/ou tentando buscando respostas, explicações quando lê-se aquilo.
Não!
Somente o escrevera, porque pra ela aquela era a noite das lagrimas consentidas...
A noite em que cerrara os olhos e consumira seus gestos, os guardando simplesmente na memória que não deixava que o tempo dela apagasse!
Aquela era a hora em que se aconchegara no que ele de si deixara na sua alma, e se deixava adormecer no relembrar dos tempos em que aquela sua voz roca ainda soava em sussurros brandos envoltas de palavras transparentes e doces e seus braços ainda eram matéria e sentidos...
Não o perguntava naquelas linhas a razão da partida, isso já lhe fora dito mais que a qualquer outra das poucas pessoas que conheciam aquelas circunstancias, nem o censurava por tudo o que acontecera... Apenas lhe consumia a angústia de que ele não havia deixado que o fosse dado um último beijo. Inobstante, isso a alegrava porque acreditava que se soubesse que aquele seria o ultimo nunca o haveria deixado ir... Não da forma que acontecera.
Doía a sua ausência, ela sentia... E não sabia deixar-lo de si, de seu corpo, partir...
Era isso o que a consumia!

Pedia a Deus todas as noites que a fizesse esquecer, mas sempre após novos beijos, novos abraços, faltava-lhe algo. Faltava-lhe aquele seu sabor do mar. *(24-25/02/07)

De ilha à península ( PARTE I )


Uma imensa paz a invadira após aquelas palavras que eram as únicas que ela não queria ouvir. Soaram-lhe doces, como todas as outras que ele a direcionava, e isso a assustou. Imensamente a assustou.
Fora ao meio dia e dezenove minutos que seu telefone soou. Atendera de prontidão como de costume, e aquele silêncio só viria confirmar que chegara a hora. Sabia que seu tempo logo terminaria, mas acreditava que ainda lhe restava mais alguns dias.
E assim aconteceu.
Em duas horas nada mais poderia ser feito. Impressionava-a prever que àquelas horas demorariam a passar. Impressionava-a perceber seus olhos fixos nos ponteiros que aquele instante os fizeram presos. Presos ao relógio, presos as imagens que circundavam sua mente, presos as lágrimas que ela intentava não derramar.
E não as derramou!
Queria, em demasia, que aquele tempo que ainda lhe restava por fim acabasse para que seu “coração” e sua mente cessassem aquela insana batalha que a exauria. Sua razão a impelia a descer os degraus do navio e atravessar a cidade para impedi-lo de dela sair. Mas seu “coração”, seu “novo coração”, inebriado por aquela “paz confusa” segurava-a ali sussurrando o quão necessário era deixá-lo ir. Sussurrando que não passando muito tempo ele retornaria.
Decidiu por fim seguir seu “coração” como ele a ensinara. Decidiu por fim deixar o vento traze-lo de volta porque sabia que se isso acontecesse, isso que era o seu maior desejo, dessa vez seria para sempre.
E assim o fez.
Desceu a escada vagarosamente, caminhou pelo cais mirando seus passos firmes e obstinados a ali permanecer. Foi assim, fervorosamente, que pediu a DEUS forças para fazer o que para ela era o correto. Pediu a DEUS forças para que ela não saísse dali, forças para deixá-lo ir e aniquilar definitivamente suas duvidas.
Sacou o livro da mesa de vidro onde o havia deixado (livro este que ultimamente carregava consigo e que andava tomando formas de um refúgio), ficou de pé por alguns segundos em frente ao sofá de tom escuro da sede do Porto e sentou.
Recostando sua cabeça para traz mirava agora o teto branco da sede. Branco como os momentos que estavam juntos, branco como o seu sabor, branco como a inocência e a singeleza de suas palavras.
Branco como nenhum outro a fizera perceber.
Branco como tudo que ela rememorava ali sentada, como num filme mudo (de seqüências rápidas, sem palavras)!
Abruptamente aqueles tons límpidos diluíram-se de seus devaneios quando seus olhos foram levados a novamente mirar o escuro do sofá provocado pelo som da voz de um amigo que improvavelmente deveria encontrar-se ali naquele horário. Amigo esse o qual com seus olhos azuis e seus passos rápidos convidaram-na a entrar na sala ao lado onde o calor daquele prenuncio da metade do dia era mais ameno. Seria ele um anjo?
Só percebera isso depois quando sentaram-se, trocaram algumas palavras, e como que “num passe inexplicável de mágica” alguém virou a chave do outro lado da porta trancafiando-os por engano obrigando-a a permanecer ali.
Deus a havia escutado. *(10/01/07)
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