Vestígios de uma noite vazia
Esta noite não dormiu bem, apesar da monstruosa quantidade de “remédios para dormir” que ingeriu. Quando relaxava o corpo por alguns instantes, logo era assediada por mãos que sentia segurar seus tornozelos. Impressionante! Não havia ninguém em casa.
Levantava abruptamente e/ou simplesmente insinuava seu corpo para o outro lado, dobrava mais uma vez o travesseiro, olhava pela janela, tentava alijar aquela sensação de seu corpo. Não sentia medo, confessava em suas palavras soltas ao acaso na penumbra, somente em sua mente alojavam-se pensamentos confusos, retórquicos, não-condizentes aos últimos acontecimentos, mas que causavam inexplicavelmente, algum prazer.
E logo seus olhos cerraram-se. E o sono mais que desejado arrebatara-a de forma insana. Depois disso só abriu-os pela manhã quando foi tomada pelo sol que invadira seu quarto, seu corpo, seu mundo.
Abriu-os, muito embora não como sempre o fazia, e sim como se somente os tivesse fechado por um segundo, como num singelo piscar. Era como se o mundo tivesse parado enquanto ela dormia.
Então levantou.
Olhou-se no espelho por alguns instantes como alguém que observa um desastre – com olhos atentos ao que restou --- olhos que transformam imagens em sensações. Sensações levianas, afirmava a si mesma, porém, ainda assim, sensações!
Meu Deus! Como estava ela corada, reluzente, apesar da pele branca e do tom claro dos cabelos. Meu Deus! Como aquela imagem não condizia com o que estava acontecendo em seu interior.
Intentando uma “levigação”, intentando separar seu corpo de sua alma para não mais sentir aquela dor, levou as mãos, transportando água, até sua face. Permaneceu assim por alguns segundos. Inclinou a cabeça para baixo, apoiou-se no mármore frio. Agora ela era apenas uma observadora das gotas que deslizavam de sua face ao mármore levando embora os vestígios de uma noite vazia.
Completou seu ritual matutino, mirou mais uma vez o seu quarto. Sacou os óculos que encontravam-se como corriqueiramente sobre o móvel negro e saiu.
No caminho para o Cais, os velhos lapsos da realidade a invadiam aleatoriamente entre uma esquina e outra que ela via por ela passar. Escorregava as mãos sobre a cabeça intentando apaga-los. Ao menos estava tentando.
Mas a única coisa concreta em que acreditava agora é que os paradoxos “presentes” que anda recebendo dos céus ultimamente estão tentando mata-la.
Meu Deus! Ela precisava de tão pouco...
Meu Deus! Ela só queria ser feliz!
* 25-26/12/06 *
Levantava abruptamente e/ou simplesmente insinuava seu corpo para o outro lado, dobrava mais uma vez o travesseiro, olhava pela janela, tentava alijar aquela sensação de seu corpo. Não sentia medo, confessava em suas palavras soltas ao acaso na penumbra, somente em sua mente alojavam-se pensamentos confusos, retórquicos, não-condizentes aos últimos acontecimentos, mas que causavam inexplicavelmente, algum prazer.
E logo seus olhos cerraram-se. E o sono mais que desejado arrebatara-a de forma insana. Depois disso só abriu-os pela manhã quando foi tomada pelo sol que invadira seu quarto, seu corpo, seu mundo.
Abriu-os, muito embora não como sempre o fazia, e sim como se somente os tivesse fechado por um segundo, como num singelo piscar. Era como se o mundo tivesse parado enquanto ela dormia.
Então levantou.
Olhou-se no espelho por alguns instantes como alguém que observa um desastre – com olhos atentos ao que restou --- olhos que transformam imagens em sensações. Sensações levianas, afirmava a si mesma, porém, ainda assim, sensações!
Meu Deus! Como estava ela corada, reluzente, apesar da pele branca e do tom claro dos cabelos. Meu Deus! Como aquela imagem não condizia com o que estava acontecendo em seu interior.
Intentando uma “levigação”, intentando separar seu corpo de sua alma para não mais sentir aquela dor, levou as mãos, transportando água, até sua face. Permaneceu assim por alguns segundos. Inclinou a cabeça para baixo, apoiou-se no mármore frio. Agora ela era apenas uma observadora das gotas que deslizavam de sua face ao mármore levando embora os vestígios de uma noite vazia.
Completou seu ritual matutino, mirou mais uma vez o seu quarto. Sacou os óculos que encontravam-se como corriqueiramente sobre o móvel negro e saiu.
No caminho para o Cais, os velhos lapsos da realidade a invadiam aleatoriamente entre uma esquina e outra que ela via por ela passar. Escorregava as mãos sobre a cabeça intentando apaga-los. Ao menos estava tentando.
Mas a única coisa concreta em que acreditava agora é que os paradoxos “presentes” que anda recebendo dos céus ultimamente estão tentando mata-la.
Meu Deus! Ela precisava de tão pouco...
Meu Deus! Ela só queria ser feliz!
* 25-26/12/06 *